Luane Barbosa (*)
Ao contrário do que geralmente se pensa, a Bougainvillea spectabilis, trepadeira de rara beleza bastante utilizada em caramanchões, é uma espécie nativa do Brasil, sendo considerada a grande descoberta de uma viagem francesa. Tudo começou quando Louis Antoine de Bougainville (1729-1811), liderou a primeira circum-navegação mundial a mando do rei Luís XV, em 1766. No entanto, essa expedição não é aceita como a pioneira, porque James Cook (1728-1779), capitão da marinha real britânica, é considerado o europeu que realizou tal feito, tendo descoberto territórios da Oceania. A viagem era uma tentativa da França, derrotada na Guerra dos Sete Anos pela Grã-Bretanha, de se redimir.
As embarcações francesas chegaram ao Brasil, especificamente ao Rio de Janeiro, por volta de 1767. Em solo carioca a “trepadeira maravilhosa”, como os franceses chamaram a bougainvíllea, foi encontrada por Jeanne Baret (1740-1807). A naturalista adotou o nome Jean Baret e características masculinas com o intuito de integrar a expedição, já que, nessa época, o ambiente era unicamente masculino. “A francesa identificou e levou a planta para seu país”, relata o biólogo Jefferson Maciel, do Jardim Botânico do Recife. Na França, a espécie começou a ser cultivada e, logo, expandida por todo o continente europeu, graças a seu caráter ornamental e sua fácil adequação a regiões diversas.
A flor típica da Amazônia e Mata Atlântica, só veio a ser encontrada por um brasileiro tempos depois. Burle Marx (1909-1994), ao realizar uma caminhada pelos jardins de Berlim, se deparou com a beleza da bougainvíllea. O paisagista, que defendia a importação de flores, mudou seus conceitos ao notar a origem da planta. Percebendo que o Brasil possui espécies tão exuberantes e com características ornamentais quanto as estrangeiras.
Conhecida como primavera, três-marias, tapirica, roseira-do-mato. A sua coloração, vermelha, laranja e rosa está localizada nas brácteas, uma espécie de folhas modificadas, e não na sua flor como de costume. O seu sucesso na Europa aconteceu pelo fato dela ser uma caducifólia, planta que se adapta a climas distintos. A bougainvíllea pode ser vista em praças, avenidas e parques do Recife. O JBR concentra várias mudas ao longo do Jardim. Na opinião de Jefferson, a história da Bougaivilhea spectabilis é um dos muitos casos,que nos mostra a dificuldade de se conhecer a extensa flora nacional.
(*) Estudante de Jornalismo da UFPE e estiagiária do Jardim Botânico do Recife.